À L'Ombre Des Jeunes Filles En Fleurs

Tuesday, July 3, 2007

Na mente do suicida

Entro na Fnac do Cascais Shopping às 2.16 da tarde. Dirijo-me à cafetaria e peço um café e acesso á Internet. De lá faço os meus comentários nos diversos blogues. Os comentários dizem somente recorda-me…num ou outro que gosto mais acrescento: gosto de ti.
Sento-me numa das mesas, tiro do saco um Bloco A4. Escrevo as cartas para os meus pais e o Matias, pedindo-lhes perdão para o meu acto, mas a vida é-me insuportável. Não posso pensar neles e na culpa que vão sentir, a vida é-me insuportável. Não consigo continuar, não quero continuar! Choro enquanto escrevo.Ninguém à volta parece notar.
São 4.16 . Abro o meu blogue e leio os comentários. Entre eles está um que diz o seguinte:"deixei o número do meu telemóvel no teu mail. Telefona-me!” Fecho o Blogue . Dirijo-me à secção de livros , compro quatro livros, depois à de Filmes e compro três filmes. Volto à cafetaria. Sento-me. Bebo um sumo de laranja e como um pastel de nata com canela como eu gosto. Abro cada livro e escrevo uma dedicatória em cada. “A última saída para Brooklyn” de Hubert SelbyJr para a minha mãe,” Os Mapas do Mundo” de Michael Swift para o meu pai, “Os Comediantes” de Graham Greene para o Matias, e “Dias Exemplares” de
Michael Cunningham para X. Os filmes “Fala com Ela” do Almodôvar, para a 1ª amiga virtual, a que me enviou o telemóvel,” Longe do Paraíso” para a namorada do Matias e “O Piano” para a 2ªamiga virtual (sei ser o seu filme preferido, está lá no perfil).
19.02 volto a pedir acesso à Internet, escrevo um mail à senhora que me enviou o número de telemóvel, nele digo: “não se preocupe. sei que ficou aflita e por isso lhe escrevo. muito obrigado por me enviar o telemóvel, não farei uso dele nem o passarei a ninguém. aquilo não passa de um teste psicológico. agradeço a sua confidencialidade.”. só a quero tranquilizar, ela mora no Porto, muito longe e eu nem sequer trouxe telemóvel.
21.57 saio do Cascais Shopping. Em casa tenha vários envelopes onde introduzo os livros e os filmes. Fecho-os e escrevo os endereços.
Abro o meu computador, vou ao meu blogue ver os comentários. O que lá está escrito deita-me por terra, não existe gente boa, não existe amor, nem compreensão, não podem vir ter comigo, não tenho tomates, dizem até estarem perto mas não “vou lá ter contigo”, chamam-me bêbado, até dizem para escrever um post amanhã em caso de me matar, falam das crianças com cancro só essas merecem solidariedade, eu não passo dum bardamerdas, dum cobarde, dum egoísta.
É o que eu sou mesmo. Sou mesmo isso tudo que eles dizem. Não passo dum merdas.
Ainda abro a caixa de correio mas e-mails NADA.
Pego nos embrulhos e vou até ao café da esquina onde sou conhecido, pedindo-lhes que os enviem na 2ºfeira, visto eu ir viajar. Dizem-me que sim.
Sou mesmo um merdas! Um merdas!
Where are you? Where are You?
E foi THE END.

2 Comments:

  • Hoje aconteceu-me uma coisa estranha. Fui ver o mar e o pôr do sol à Praia do Abano.
    Estava ali parado a ver o mar, quando reparei num jovem que escrevia num bloco. Estava de frente para o mar, olhava e escrevia.
    Isto é tão verdadeiro como estar agora a escrever este comentário.
    Coisa estranha, coincidência absurda. Coincidência das coincidências,. Estava a pensar neste rapaz quando notei o outro a escrever.
    Então tive a sensação estranha de fazermos todos parte dum universo uno, natureza, e nós humanos, e os bichos e as coisas. Durante alguns minutos, estive ali, eu, o rapaz que escrevia e o “outro” rapaz, o que se atirou da ponte.
    Não sei quem você/s são nem me interessa, naquele momento eu estive com você/s em mente

    July 1, 2007 2:49 PM
    deixado por desconhecido39 no post Meia Culpa

    By Blogger essência, At July 3, 2007 at 8:21 AM  

  • “não se preocupe. sei que ficou aflita e por isso lhe escrevo. muito obrigado por me enviar o telemóvel, não farei uso dele nem o passarei a ninguém. aquilo não passa de um teste psicológico. agradeço a sua confidencialidade.”

    E respeitei o que me disse. Não fiquei zangada consigo. Fiquei zangada com quem me chamou de parva, inocente e outras coisas mais...

    Ainda não tinha vindo aqui, depois do meu último comentário e já vi (mas ainda não li) que já colocou outro texto. Só ainda li este, porque afinal, recebi o emial a que se refere acima, a descansar-me, que afinal era um "teste"...

    A si dedico o post que hoje coloquei sobre este assunto, porque a vida, não é só Poesia...

    Um abraço

    By Blogger Menina Marota, At July 3, 2007 at 10:51 AM  

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